Por Marsha Forest e Jack Pearpoint*
Inclusão significa mudança! Nós acreditamos que tanto a inclusão quanto a mudança são inevitáveis. Crescer com essas mudanças (ou a partir delas) é uma escolha nossa. Tem sido esclarecedor termos participado de centenas de reuniões cheias de emoção sobre “inclusão”, pois fica claro, depois de alguns minutos, que a inclusão é apenas nominalmente o tópico. O tema real (raramente declarado) é o medo da mudança! Muitas pessoas na educação e serviços humanos têm medo de perder seus empregos. Medo de novas responsabilidades. Medo do que eles não entendem. Medo de serem responsabilizadas.
As palavras que dizem são: “mas nós não temos dinheiro suficiente!”, “não fomos treinados para cuidar deles!”, “não escolhi educação especial!”, “não tenho conhecimento de currículo especial e não tenho tempo de criar um programa especial para ‘eles'”, “as outras crianças vão sofrer!”
Todos reconhecemos essas frases.
Analise mais atentamente. A maioria dos “se” são em relação ao “mim”, ao “eu”. As dúvidas em relação a dificuldades para as outras crianças refletem tanto a ignorância de virtualmente tudo o que sabemos (durante séculos) sobre aprendizado cooperativo e ensino dado pelos coleguinhas e, muito freqüentemente, são um disfarce para esconder conceitos como: “não quero me arriscar a perder o controle”, “tenho medo de que as pessoas possam ficar sabendo que não sei de tudo!”, “não quero fazer isto”, “tenho Medo!”. Esta última é a frase-chave por baixo de toda a resistência e lamúria.
Porém, para muitos há medos mais profundos, que precisam vir à tona com delicadeza. As pessoas têm medo de serem “confrontadas” com sua própria mortalidade, com a imperfeição. Elas têm medo de “pegar isso”. Esses medos, profundamente arraigados, são fruto de nossa cultura.
Não é culpa das pessoas (professores e trabalhadores em serviços humanos) que estejam com medo. Todos fomos ensinados a “colocá-los longe de nossa vista” e, como cidadãos e contribuintes, fizemos isso mesmo. Porém, agora sabemos que “colocar pessoas longe de nós” é uma decisão que fica a um só passo do extermínio. O filme “A Lista de Schindler” nos lembra de que a segregação em qualquer gueto é uma ameaça à vida.
A resposta é que devemos enfrentar o medo e fazer. Isso mesmo: incluir todos. Isso vai ser desconfortável — até mesmo aterrador durante alguns momentos –, mas passa. Quando enfrentamos nossos medos e seguimos em frente, apesar deles, imediatamente esses diminuem e entram em perspectiva. Tivemos conversas com centenas de “Sobreviventes da Inclusão” — professores e trabalhadores em serviços humanos — que ficaram petrificados. Aguentaram algumas semanas de “Terapia do Tylenol” e aí, como num passe de mágica, o terror passou. Ao entrevistar pessoas sobre aquele período, existe um padrão avassalador: cada pessoa, isoladamente, lembra de ter estado aterrorizada. Ninguém consegue lembrar do que estava com medo. As pessoas lembram, apenas, de que estavam com medo — e isso passou. Geralmente, leva cerca de seis semanas, que é o padrão geral para qualquer situação de crise para voltar ao normal.
Há lições a serem aprendidas. Muitas vezes, dizemos às pessoas que estão para se confrontar com a mudança: “não se preocupe, não tenha medo!”. Isso é bobagem! Inclusão tem a ver com mudança. E mudança é algo aterrador – para todos nós. Nossos corpos são desenhados para buscar “homeostasis” – equilíbrio.
Mudanças nos afligem. Assustam. Isso é imprevisível. Mas uma vez que essa é uma questão de sobrevivência – em relação aos Direitos Humanos de pessoas – temos de fazê-la de qualquer maneira. Não temos o direito de excluir ninguém. Nossos medos são simplesmente um obstáculo a ser superado. Eles não podem e não devem ser motivo para negar a qualquer pessoa os seus direitos.
Um segundo aprendizado é que as pessoas precisam de apoio para atravessar o período de crise gerado pela mudança. E isso tem, no entanto, muito pouco a ver com os orçamentos. O ingrediente-chave no apoio efetivo à mudança são as relações de apoio. O que precisamos é “praticar bondade aleatória e atos insensatos de beleza” — uma palavra amável, um gesto pensativo. É saber que alguém vai estar lá quando você precisa. Recentemente, a Federação Americana de Professores lançou um ataque contra a inclusão — um assalto trágico e desorientado. Eles identificaram o apoio sendo essencial para tornar a inclusão efetiva e acham o “dumping” (colocar coisas de lado e esquecer) uma prática abominável.
Estamos totalmente de acordo. Mas o inimigo da falta de apoio nas escolas, do treinamento e ainda além não são as crianças inocentes ou a própria inclusão. Os vilões são os formuladores de políticas sem rosto, que continuam a golpear as estruturas de apoio que permitem e incentivam os professores e outras pessoas a caminharem o quanto é necessário. Se alguns educadores não conseguem entender e fazer a inclusão, talvez seja a hora procurarem outros empregos. É inteiramente legítimo que se ofereça segurança no emprego — mas não segurança contra a mudança. Pessoas que não podem apoiar os direitos de todos têm o direito à opinião pessoal, mas não o direito de ficar no caminho dos direitos dos outros cidadãos.
Concluímos que a inclusão é pura e simplesmente sobre MUDANÇA. É assustador — e emocionante. As recompensas são muitas. Será (e é) um trabalho difícil e, muitas vezes, emocionalmente desgastante. Erik Olesen, em seu livro “12 Passos para Dominar os ventos da mudança”, diz: “os medíocres resistem à mudança, os bem sucedidos a abraçam”. Devemos lutar pelo sucesso da inclusão e, portanto, aceitar a mudança com todo o nosso coração e alma. Devemos construir equipes fortes para apoiar uns aos outros. Devemos parar de desperdiçar nosso tempo nos preocupando com as “crianças”, quando o que precisamos é desenvolver equipes criativas, que enfrentam todos os problemas com o mesmo espírito encontrado no setor corporativo. Vamos tomar emprestados os slogans daqueles que vendem hambúrgueres, tênis e quartos de hotel: “Faça o que for preciso”, “Simplesmente faça (Just do it!)” e “Sim, nós podemos”. Estas são mensagens que podemos adotar para o nosso próprio trabalho! Finalmente, gostaríamos de lembrar que “um mal feito a um é um mal feito a todos!” e que, no caso da inclusão, “o bem feito a um será o bem feito a todos.”
o texto é simplesmente fantástico e vai de encontro ao pensamento daqueles que realmente lutam pela inclusão. Estamos vivenciando esse processo e precisamos resistir.
/ Aq no Ceará essa música “se você não me der, eu vou ao Titotoin” ia fazer mó ssucseo! KKKKKKKKKKKKKKKTexto muito boom!
O processo de inclusão de alunos excepcionais nas escolas não é uma conquista fácil, mas é possível e necessária, pois para que esta se torne realidade, o sistema educacional deve se reestruturar deixando transparente que não são os deficientes ou portadores de necessidades educativas que devem se transformar para se integrar a escola e sim a escola que deve se adaptar para recebê-los.
Muitas vezes o fato das pessoas estarem acomodadas com aquilo que tem (que para elas já é o bastante), gera o medo a mudanças, pois não sabem o que irão encontrar pela frente. Como dito pelos autores, qualquer mudança nos assusta e nos aflige, mas devemos enfrentar o medo, buscar e lutar por melhorias. A inclusão significa sim mudanças, e estas devem se dar de dentro para fora, nós devemos ter um olhar diferente e aceitá-la. “A inclusão começa no coração” (Luana Damiani).
Muito bom esse texto, realmente tudo que é novo nós aflige, nós da medo.A mudança é necessária mas o receio das pessoas ainda é muito grande e acaba atrapalhando esse processo.Mas como diz no próprio texto devemos superar nossos medos é preciso atravessar as crises que são causadas pelas mudanças.
Todos deveriam ler esse texto, apos a leitura me senti diferente, me fez refletir e chegar em algumas conclusões.
O que mais é preocupante nessa questão sobre Inclusão é o fato de como ela está sendo pensada e como ela está realmente acontecendo em nossas escolas e na sociedade em geral. Partindo do pressuposto de que para aceitar o diferente é preciso antes de tudo, mudar pré-conceitos que já estão a tanto tempo arraigados à nossa cultura, logo podemos entender de que muitas dessas medidas legais que vem a beneficiar os deficientes, não estão resolvendo o cerne do problema. Podemos dizer, inclusive, que vivemos dentro de uma política pública que prefere tratar dos sintomas às causas. Com isso, cria-se o “jogo do contente”, onde a sociedade faz-de-conta que inclui e os ditos “diferentes” fazem de conta que estão inclusos. É papel de todos, primeiramente da família e mais tarde da escola, trabalhar valores. Apenas ensinar a conviver não basta. Devemos estar preparados para ensinar a olhar. Olhar com respeito, olhar sem descaso, olhar sem pena, para então perceber que tratam-se de pessoas diferentes, que no fundo todos nós somos, mas com potencial e habilidades a serem lapidados, assim como seus direitos e deveres a cumprir. A partir do momento em que olharmos para os deficientes de forma natural, respeitosa e acima de tudo com os olhos do coração, conseguiremos promover uma inclusão verdadeira e justa.
A mudança é necessária em todos os locais, especialmente na escola, frente à inclusão. Pelo fato de ser um assunto “desconhecido” por certas pessoas, pode gerar receio, medo de lidar com as situações, no entanto, ela é importante e mais do que isso, necessária, sendo que vai auxiliar os educandos a superar seus próprios limites, com o auxílio de profissionais que irão motivar e dar a base necessária para seu desenvolvimento, além da interação a qual o indivíduo pode ter. MUDANÇA, JÁ!
A inclusão esta acontecendo gradativamente nas instituições de ensino, mas ainda muitas não possuem o devido suporte de profissionais para que isso realmente possa ser efetivado, não basta colocar o educando para inclusão e deixa-lo de lado no aprendizado…
A inclusão vai além de interação social, a busca pela ajuda ao aprendizado pela vida autônoma também ocorrem dentro do ambiente escolar, essas funções que nos libertam no dia a dia…
O planejamento é necessário, a instrução é necessária, mas a vontade de agir de ajudar e de buscar a solução para os problemas deve ser muito maior!! Amor à vida…
As diferenças estão ai e as mudanças têm que ocorrer, vamos à experimentação!!
Muito é possível ser feito, a mente tem que estar aberta a aceitação.
Como os autores mesmo relatam, a mudança deve partir de nós. Porém o que podemos observar nos dias de hoje a sociedade ainda tem muito ” MEDO” ( preconceito) de incluir pessoas com deficiencias nas suas vidas. A família mesmo prefere deixar seus filhos com deficiência em casa, do que incluilos na sociedade por ” MEDO” do olhar da sociedade. A MUDANÇA tem que começar em casa, onde a família deve incluir seus filhos na sociedade e na escola para todos, porque não são eles que devem adaptar-se a escola e sim a escola ( professores, alunos, direção) a incluirem esse aluno na escola. Todos juntos podemos fazer a MUDANÇA!
Somos seres diferentes, não somos mais e melhores do que ninguém, temos que olhar para o próximo não com um olhar de pena, pois eles não precisam disso, e sim de compaixão, respeito, porque eles precisam se sentir bem e aceitos mediante a sociedade. É preciso essa MUDANÇA, é preciso deixar o MEDO de lado, é preciso um interesse a mais das pessoas sobre esse assunto, é preciso a colaboração de todos( família, escola, sociedade), é preciso querer o bem. Juntos, isso será possível!